Eu sei que tenho andado afastado.
Confesso, que tenho tido pouca paciência e pouca disposição para lidar com os desafios permanentes, produzidos por mentes ocas!
E é um mal, que deixou de ter qualquer referencial geográfico, pois dá-se à direita e o pior é que à esquerda, também.
Quando ouço alguém dizer que se abstém ruidosamente, sinto-me como se estivesse na rua da Betesga. Não sei bem para que lado devo ir…
Fico sem saber se devo ir para o lado da abstenção ou para o lado do ruidoso. É o que se chama uma dúvida existencial!
Sim, porque perante tal desafio, a minha existência fica em dúvida…
Mas eu não tenho nenhum manual de Ciência Política à minha cabeceira, para ver como se fazem essas coisas!
Nem sequer ache, que o problema se resuma a abstenção.
O problema é já um problema de CIDADANIA, um problema CIVILIZACIONAL e sobretudo um problema de pessoas equilibradas!
SUSTENTABILIDADE é o mote…Parece que tudo é medido em sustentabilidades…Fica-me aquela dúvida, se um dia destes, não colocamos os direitos fundamentais na balança das sustentabilidades, porque assim, como assim, no meio desta história toda, então sou empurrado a acreditar, que no tempo de Salazar, é que as coisas eram sustentáveis.
Ordenados baixinhos…horários de trabalho sem limites e, ai de quem abrisse a boca, nem que fosse para espirrar…Tarrafal com ele, porque é do contra!
Era assim a SUSTENTABILIDADE da DITADURA!
No meio destas deambulações ( isto sou eu a pensar com os meus botões…), num momento de desespero, dou por mim a descobrir, que outros pensam como eu.
Pronto, eu afino, descubro que, penso como outros!…
Refiro-me claro, ao MANIFESTO, subscrito por um conjunto de personalidades, em que destaco, pela proeminência, MARIO SOARES!
Não tenho dúvidas, que este homem é como o vinho, com o passar do tempo fica mais apurado e lúcido!
Lúcido, porque não vai em cantigas, nem acredita em economistas, que resumem as suas soluções a manuais obscuros.
Finalmente, ouço vozes, a fazer ruído, mas que não se abstêm…
Não nos podemos abster! Temos de agir e reagir, perante o que se está a passar. Temos de mostrar a nossa indignação, porque é disso que se trata.
Esta não é uma crise, resultado dos ciclos económicos, que oscilam entre a inflação e a recessão…antes fosse!
Esta é uma crise artificial, provocada e, que objectivamente, tem finalidades. 
Não percebemos, quais…mas excluo a hipótese, de que seja uma crise de boa-fé!
Quando se advoga a redução de salários, com argumentos falaciosos e pouco sustentáveis, tenho sérias dúvidas e, nem sequer percebo onde possa estar a boa-fé!
Quando empresas públicas, que prestam serviços essenciais, na educação, na saúde e na proteção, são descartadas para o sector privado, então temos de pensar, se quem nos governa e determina os nossos destinos, sejam pessoas de boa-fé.
Porque se estiverem de boa-fé, então tenho de acreditar, que não têm credibilidade ou pior, jogam no campo da incompetência!
É tempo de pensar, se basta a nossa abstenção…se chega uma abstenção ruidosa!
Não creio…NÃO CHEGA!
Precisamos de ir mais longe…precisamos de mostrar o nosso desagrado…
Precisamos de mostrar, que a sustentabilidade, não é princípio, nem fim de nada, é apenas uma aferição!
Seremos Sustentáveis, sim! Quando percebermos, que a sustentabilidade é o exercício da nossa CIDADANIA!
Entretanto, vou dando continuidade às minhas mudanças pessoais, pois com isto tudo e, apesar de tudo, sou um acérrimo defensor da mudança, sem medos, com coragem e optimismo. Pelo menos, devemos tentar. E sempre pela única via verdadeiramente sustentável – a da educação, a do conhecimento.
Ulisses Neves Pinto